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Só intuição não chega!

Atualizado: 18 de set. de 2020


Quando nasceu o meu primeiro filho (há nove anos), já tinha começado o mestrado em Psicologia Comunitária e Proteção de Menores. As opções de educação, cá em casa, passaram a ser isso: opções.

Vamos deixando sempre uma parte da educação à intuição, à vontade (ou falta dela) e à disposição do momento. Mas há uma estrela polar: os resultados da investigação.

Apesar de fazer parte da minha rotina de aluna ler artigos extensos, a verdade é que, como mãe, encontrei alguns artigos bons em publicações de grande tiragem, que trocavam por miúdos alguns assuntos.

Acho que me posso juntar à estatística dos resultados positivos em alguns aspetos que tentei levar a sério (vou só indicar dois):

1. os meus filhos têm gosto pela leitura e leem;

2. os meus filhos têm noção da privacidade e manifestam pouco agrado no contacto físico (até dentro da família alargada) e vem sempre o pudor ao de cima no balneário da piscina onde fazem natação.

Se calhar estava-lhes nos genes... bem, a verdade é que todas as noites, sublinho - todas as noites, se lê uma história antes de dormir, como nos propõe os cientistas! Primeiro foram histórias pequeninas, dos livros que também estavam a explorar no jardim de infância ou de presentes que apareciam cá por casa. Depois passou-se para capítulos de livros (o preferido é Uma Aventura - a caminhar para o Percy Jackson!). E isto de há uns seis, sete anos para cá. Agora o mais velho já lê sozinho e avança com imenso entusiasmo pelas aventuras dentro.

Também tomámos consciência de que não devíamos ler os jornais no tablet ou no telemóvel, objetos que as crianças associavam a jogo. Esta parte é difícil porque a verdade é que compramos jornais em papel poucas vezes. Por isso, a solução foi usar com muita moderação os telemóveis e afins à frente das crianças. Foi um treino.

Outra coisa que seguimos foi não dar castigos que implicassem ir para o quarto ler. Ler nunca pode ser um castigo. Como ir de castigo para a biblioteca da escola se mostra ser das coisas menos razoáveis que um professor pode fazer.

Sobre a privacidade há, talvez, menos consenso. Dar a liberdade a uma criança para cumprimentar só com um bom dia ou boa tarde, um aperto de mão... ainda não é muito bem visto. Dentro e fora da família. Mas, para a criança, é uma grande aprendizagem sobre a sua privacidade. Nós adultos não temos noção, mas cruzamo-nos com tanta gente que, se estivermos sempre a impor o beijo do "estranho", estamos ao mesmo tempo a dizer à criança que é suposto a criança aceitar. "Ai não me dás um beijinho? Tens este rebuçado se me deres um beijinho": fora de questão. A regra cá em casa é não se trocam beijinhos e abracinhos por nada. A criança é livre de dar beijinhos e abracinhos.

Ou seja, sempre tentámos orientar para a ideia de que o corpo é propriedade da criança e não é do interesse de mais ninguém. Sem alarmismos nem criando medos.

Será um exagero?

Na dúvida (são tantas quando falamos de educação), e sabendo que a prevenção é sempre o melhor investimento, continuaremos a ter nos resultados da investigação a nossa estrela polar.


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